terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Campeã favorita

Um Aladim sobrevoando a Avenida em um tapete voador - na verdade um aeromodelo sustentado por drone - ditou o tom da aposta da Mocidade para o terceiro desfile já na madrugada desta terça-feira: um verdadeiro teatro de ilusões Alexandre Cassiano / Agência O Globo
O desfile da Mangueira

MANGUEIRA BRILHA E FATURA O BI NO ESTANDARTE DE OURO; PORTELA E MOCIDADE BRIGAM POR TÍTULO

Em meio à tristeza pelo acidente com a alegoria da Unidos da Tijuca, o segundo dia dos desfiles teve de tudo, das mais variadas e criativas comissões de frente até as homenagens a países africanos, e também a rios e mandingas. Portela e Mangueira foram as que mais brilharam na noite. Esta última, aliás, faturou o bicampeonato no Estandarte de Ouro, prêmio promovido pelo jornal O Globo, como melhor escola de samba.

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Abrindo a noite, a União da Ilha do Governador surpreendeu com um desfile cheio de impactos ao público, ao falar de Angola. O maior destaque foi a comissão de frente, vencedora do Estandarte na categoria. Apesar da beleza e qualidade genial, a sua alegoria também apresentou problemas no quinto carro, que "atolou" na avenida. Foi uma correria para fechar o desfile sem estourar o tempo, conseguindo-o no limite máximo de 75 minutos. Foi por um triz. Mas ainda assim a Ilha foi bem premiada no Estandarte. Além da comissão, ganhou também como melhor intérprete, por Ito Melodia.

A São Clemente agradou e levantou o público com o enredo "Onisuaquimalipanse", que significa "Maldito seja o mau que pensa", uma crítica à francesa sobre a política do país, tendo como citação o baile na corte do imperador Luís XIV, o Rei Sol. Com um tom lúdico e eficaz, a escola fez um desfile leve e colorido, passando com maior tranquilidade na avenida.

A Mocidade parece estar disposta a voltar a brigar pelas primeiras posições, como nunca esteve nesses últimos anos de crise infindável (a última vez no Top 5 foi em 2002). Contando com a volta de Wander Pires como puxador, levou o pessoal "pra lá de Marrakesh", falando sobre Marrocos. Com um desfile leve e enredo fácil, contagiou a avenida. O grande destaque foi para a comissão, que apresentou uma mágica daquelas: um tapete voador, simulando Aladdin. Nas fantasias, se destacaram odaliscas e homens vestidos de beduínos. Apesar do susto de uma passista que caiu num dos carros, a escola não cometeu erros e está bem cotada.

A Unidos da Tijuca cantou a musicalidade, uma mistura de ritmos envolvendo Louis Armstrong e Pixinguinha, passando pelo jazz ao samba brasileiro. No seu enredo, acordes de guitarra roubaram a cena e embalaram o ritmo da sua cadência. Pena ter acontecido o acidente nos primeiros minutos a apresentação com o segundo carro alegórico, que vai comprometer muito com o desempenho da escola tijucana. Ela ainda estourou em 1 minuto o tempo limite para fechar o desfile, que ainda chegou a ser interrompido por alguns minutos.

Passado o complicado desfile da Tijuca, foi a vez de Portela e Mangueira, as maiores campeãs cariocas, a brilharem na Sapucaí. Difícil escolher a melhor entre as duas.
A Portela cantou as belezas dos rios, mantendo a sua marca registrada de mandar seus carros alegóricos um show de águas cristalinas e aromas de perfume. Chamou a atenção as fantasias de componentes vestidos de peixes, e ainda um dos carros trocando o tom da água de azul para marrom, para recordar o desastre ambiental de Mariana, Minas Gerais, em 2015. Uma forma de protesto contra maus tratos ao meio ambiente. E um desfile praticamente perfeito.

Encerrando o espetáculo, a Estação Primeira de Mangueira emocionou o público cantando as religiões brasileiras, entre santos e orixás, provando que vem forte em busca de mais um título. A verde e rosa fez uma verdadeira procissão religiosa de cores e sons para mostrar as diversidades que o tema lhes apresenta. Ainda houve um problema no último carro, onde uma das rodas quebrou, o que causou um grande buraco em seu desfile. Mas nada que comprometesse seu encerramento com chave de ouro.

A apuração dos desfiles ocorrerá na quarta-feira, às 16h45.

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