domingo, 4 de março de 2018

Diva do teatro

Retrato da atriz Tônia Carrero (Foto: Epitácio Pessoa/Estadão Conteúdo)

Retrato da atriz Tônia Carrero na capital paulista, em 1969 (Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo)

MORRE ATRIZ TÔNIA CARRERO, ÍCONE DOS PALCOS E DA TELEVISÃO

Luto na dramaturgia brasileira, pois perdemos uma das maiores atrizes de longeva carreira artística.

A atriz Tônia Carrero morreu ontem, as 22h15, aos 95 anos, no Rio de Janeiro. Tônia Carrero, cujo nome de nascimento é Maria Antonietta Portocarrero Thedim, passava por uma pequena cirurgia em uma clínica particular na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, quando teve uma parada cardíaca e não resistiu, de acordo com a família da atriz.

O corpo foi velado durante este domingo no Theatro Municipal do Rio, casa onde ela construiu grande parte de sua carreira de quase 60 anos. Parentes e amigos famosos, como Ney Latorraca, Nicette Bruno, Edwin Luisi, entre outros, participaram das últimas homenagens. Tônia já estava com a saúde debilitada há alguns anos, pois sofria de uma doença degenerativa, herdada pela mãe, que afetou sua fala e locomoção. Seu último trabalho foi no cinema, com o filme "Chega de Saudade", em 2008.

Na manhã desta segunda, haverá a cremação, no Memorial do Carmo, apenas com a presença de familiares.

Tônia é a matriarca de uma família que tem quatro gerações de artistas: além do único filho, o ator Cécil Thiré, netos e bisnetos também seguiram a carreira. Ela é classificada pelo projeto Brasil Memória das Artes, da Funarte, como "diva e dama" e "referência de beleza, inteligência e talento na história do teatro brasileiro".

CARREIRA


Foram 54 peças de teatro, 19 filmes e 14 novelas, para compor um grande currículo de trabalhos artísticos e impecáveis em sua grande maioria.

Tônia nasceu em 22 de agosto de 1922, na zona sul carioca, como nome completo de Maria Antonieta de Farias Portocarrero.

Apesar de graduada em Educação Física, a formação de Tônia como atriz foi obtida em cursos de teatro em Paris. Antes de partir para a França, fez um pequeno papel no filme Querida Susana. Foi a estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, tendo atuado em diversos filmes.

A estreia em teatro foi no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, com a peça Um Deus Dormiu Lá em Casa, onde teve como parceiro o ator Paulo Autran (1926-2007). Após a passagem pelo TBC, formou com seu marido à época, o italiano Adolfo Celi, e com Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou a cena do teatro brasileiro ao constituir um repertório com peças de autores clássicos, como Shakespeare ("Otelo") e Carlo Goldoni ("A Viúva Astuciosa"), e de vanguarda, como Sartre.

Na TV, foram 14 novelas, a maioria delas na Globo. E um dos seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga Simpson em Água Viva (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor, em 1983, na novela Louco Amor, dessa vez interpretando a não menos charmosa e chique Mouriel. Tanto em Água Viva como em Louco Amor, Tônia perdeu o papel de vilã para Beatriz Segall e Tereza Rachel, respectivamente. Mesmo assim os dois personagens que interpretou foram um sucesso. Outro grande trabalho foi como uma das protagonistas de "Sassaricando" (1987), como Rebeca. Recentemente a novela teve um remake, intitulado "Haja Coração", e seu papel foi refeito por Malu Mader.

Tônia ainda atuou em tramas como "Kananga do Japão" (Manchete, 1989), "Sangue do meu Sangue" (SBT, 1995) e retornou a Globo como Mimi Melody em "Esplendor" (2000). Sua última atuação em novelas foi em "Senhora do Destino" (2004), uma participação especial como Madame Berthe. No teatro, sua peça derradeira foi "Um Barco Para o Sonho", dirigida pelo seu neto Carlos Thiré.


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