sexta-feira, 16 de março de 2018

Efemérides: o legado de Tim Maia

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A segunda edição do quadro Efemérides relembrará mais um gênio da música popular que deixou saudades no Brasil. Ela é publicada com um dia de atraso ao planejamento usual, mas fica a lembrança de todo o jeito.

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Há 20 anos, o Brasil se despedia de Tim Maia, considerado o "Rei do Soul" no país, até hoje insuperável pelas letras poéticas e também com irreverencia e, claro, sua voz grave e marcante.

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Sebastião Rodrigues Maia nascia em 28 de setembro de 1942, nos subúrbios do Rio de Janeiro. Nasceu e cresceu na cidade carioca, onde, em sua infância, já teve contato com pessoas que viriam a ser grandes cantores, como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks, no qual cantou junto a Roberto Carlos. Em 1959, emigrou para os Estados Unidos, onde teve seus primeiros contatos com o soul, vindo a ser preso e deportado por roubo e porte de drogas. Em 1970, gravou seu primeiro disco, intitulado Tim Maia, que, rapidamente, tornou-se um sucesso país afora com músicas como "Azul da Cor do Mar" e "Primavera".

Tim Maia, além de cantor e compositor, exerceu as funções de maestro, produtor musical, instrumentista e empresário. A partir de seus primeiros sucessos nos anos 70, foi o maior responsável pela introdução do estilo SOUL na música popular brasileira (MPB), sendo reconhecido mundialmente. Suas músicas ficaram marcadas pela voz grave e carregada de rouquidão, conquistando uma grande vendagem de discos, prêmios e consagração de muitos sucessos posteriores, como "Me Dê Motivo", "Não Quero Dinheiro" (Só Quero Amar), "Você", "Gostava Tanto de Você", entre tantos outros hits.

Paralelamente a isso, se envolveu também em muitas polêmicas. Ainda jovem passou pelos Estados Unidos, onde foi preso por porte de drogas e uso de maconha, sendo deportado ao Brasil em 1970. Depois dos primeiros sucessos de sua carreira, viveu a chamada "fase racional" a partir de 1974, quando passou a compor músicas mais dançantes, ao mesmo tempo em que se afastou dos vícios de outrora. Além das já citadas "Não Quero Dinheiro", emplacou "O Descobridor dos Sete Mares", "Vale Tudo" e "Sossego". "Sete Mares" abriu a sua década de 80, marcada por mais momentos de auge na carreira. 
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Em 1983, Tim Maia emplacou "Me Dê Motivo", uma das músicas românticas mais famosas de sempre. Gravou também "Um Dia de Domingo". E mais diversos discos foram produzidos, sempre de forma independente, pela gravadora Vitória Régia. Esse também era o nome da banda musical que o acompanhava aos ritmos em sua maioria dos shows pelo Brasil.

Nos anos 90, Tim adotou mais o ritmo da Bossa Nova, ao mesmo tempo em que se descontentava com as gravadoras mais famosas. Retomou a parceria com a gravadora Vitória Régia e passou a fazer mais lançamentos e discos como nunca.
Obteve sucessos com regravações de "Como uma Onda" e "Garota de Ipanema", por exemplo. Ganhou uma forte homenagem de seu amigo Jorge Benjor, que o cita na música-publicitária "W/Brasil", do qual ganha o apelido de "síndico do Brasil" (eu vou chamar o síndico, Tim Maia!)
A música, gravada em 1993, impulsionou ainda mais a sua carreira, ao mesmo tempo em que entrava em litigio com a TV Globo, por questões de contrato. A emissora o baniu das apresentações em seus programas.

Entre 1996 e 1997, gravou nada menos que cinco discos, mantendo-se em alto nível. Mas ao mesmo tempo, passava a apresentar problemas de saúdes mais agravantes, visto a sua obesidade mórbida que se fez presente de décadas. Fez naquele ano uma nova viagem à turnê aos Estados Unidos, recuperando-se do trauma da prisão e deportação de 27 anos antes.

1998 seria o ano de mudanças de ares de Tim Maia, que planejara uma candidatura ao Senado pelo seu Estado de origem. A saúde debilitada, contudo, não deixou.

Tim Maia chega ao HUAP após passar mal no Municipal Robson Moreira / Contigo

Em 8 de março (domingo) daquele ano, o cantor faria um grande show no Teatro Municipal de Niterói, para uma gravação especial destinada ao canal a cabo Multishow, ainda que sem a menor condição física.

Ao início do show junto à banda Vitória Régia, limitou-se a cantar só os primeiros versos de "Não Quero Dinheiro". Não conseguiu seguir em frente e se retirou do palco, deixando a plateia lotada sem entender o que se passava. Muitos achariam por brincadeira, já que Tim tinha a fama de atrasar shows, ou mesmo não comparecer.

A foto acima é a última de Tim Maia em vida, quando ele se dirige ao Hospital Antônio Pedro, carregado por enfermeiros. Passa uma semana exata internado, até vir a falecer, em 15 de março de 1998. Pela ironia de uma das composições marcantes, em "um dia de domingo". Tim Maia morreu de edema pulmonar, impulsionado à infecção generalizada. Estava pesando 140 quilos.

Uma tarde, aliás, que o público brasileiro ficou mais entristecido naquele dia e se despedira, ali, de um dos maiores ídolos da música popular.

E do que, até hoje, carrega o título de "rei do soul". Tim Maia deixou três filhos: o hoje cantor Leo Maia, Carmelo e José Carlos, frutos do relacionamento conjugal com Maria de Jesus Gomes da Silva - a quem era carinhosamente chamada de Geisa.

Nos anos seguintes, Tim seria homenageado por vários artistas da MPB, em show tributo, e em muitos programas especiais de TV. Recentemente, uma cinebiografia de sucesso foi para as telonas do cinema em 2014, sob título de "Tim Maia - Vale Tudo". O ator Babu Santana o interpretou na fase de juventude.

E ficou um grande legado musical.

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