Uma breve história

O CRIADOR

O francês Jules Rimet (1873-1956) era o presidente da FIFA na época, como terceiro mandatário da federação fundada em 1904. Partiu dele a ideia de criar o torneio de seleções, que devagar e a cada edição, ganhou a notoriedade que se tem até os dias atuais. A taça de campeão do mundo levou o seu nome até que a mesma ficasse de posse definitiva para a seleção que ganhar três Copas. A final de 1970 marcou a presença de seleções com dois títulos mundiais cada, marcando oficialmente a última levantada desta taça. O Brasil ganhou da Itália por 4x1 e ficou com a posse dela. A atual taça de campeão do mundo entrou em cena em 1974, e até agora a Alemanha foi quem mais levantou-a (1974, 1990 e 2014).

Lamentavelmente a Taça Jules Rimet foi roubada na noite de 19 de dezembro de 1983, na sede da CBD (atual CBF). Não se sabe o fim que levou até hoje.

HISTÓRIA

Esse torneio é realizado a cada quatro anos, e deixou de ser organizado em apenas duas edições (1942 e 1946), em razão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Curiosamente, a primeira Copa do Mundo foi disputada em apenas três estádios, todos na capital do Uruguai, Montevidéu. Já na Rússia, por exemplo, vai usar 12 estádios em 11 cidades. Isso ocorreu também na África do Sul, primeiro país africano a sediar o Mundial em 2010.
As Copas do Mundo ganharam um contorno de investimentos e retorno financeiros multimilionários. O investimento na estrutura física dos locais que sediam essa competição, atualmente, é bastante alto, porém o retorno no mercado turístico local e as melhorias na infraestrutura são benefícios que acabam atingindo e beneficiando a população local, muito embora os preços exorbitantes dos ingressos não sejam nem um pouco acessíveis.
O primeiro prêmio para a seleção vencedora da Copa do Mundo foi a Taça Jules Rimet. Apenas com a conquista do tricampeonato, no ano de 1970, é que se permitiu que a seleção (no caso, a brasileira), levasse o prêmio “para casa”. Infelizmente, a Jules Rimet foi roubada da sede da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, e nunca foi encontrada. Após a Jules Rimet, foi criado o Troféu da Copa do Mundo FIFA, que nenhuma seleção terá o direito de posse. Nesse troféu são gravados os nomes dos países campeões a cada torneio.
Seguem as edições das Copas, desde 1930 até 2014, especificando o país-sede e a seleção vencedora:

Ano	País-Sede	Seleção Vencedora
1930	Uruguai	Uruguai
1934	Itália	Itália
1938	França	Itália
1950	Brasil	Uruguai
1954	Suíça	Alemanha Ocidental
1958	Suécia	Brasil
1962	Chile	Brasil
1966	Inglaterra	Inglaterra
1970	México	Brasil
1974	Alemanha Ocidental	Alemanha Ocidental
1978	Argentina	Argentina
1982	Espanha	Itália
1986	México	Argentina
1990	Itália	Alemanha Ocidental
1994	Estados Unidos	Brasil
1998	França	França
2002	Coreia do Sul/Japão	Brasil
2006	Alemanha	Itália
2010	África do Sul	Espanha
2014	Brasil	Alemanha
2018	Rússia
2022	Catar

PRIMEIROS CAMPEÕES

O Uruguai foi o primeiro bicampeão mundial sul-americano, ganhando como anfitrião em 1930 na final contra a Argentina (4x2). Os argentinos tiveram Guillermo Stabile como artilheiro, com 4 gols.

Ernesto Ghiggia foi o autor do gol que calou mais de 200 mil pessoas na decisão de 1950, no Maracanã. O Brasil perdurou em um silencio absoluto por dias depois daquele 16 de julho.

E a Itália foi a primeira europeia a ganhar duas taças, e de maneira consecutiva. Tanto em 1934 e 1938, o técnico era o lendário Vittorio Pozzo.

"O MILAGRE DE BERNA"

A partir de 1954 a Copa do Mundo ganhou mais notoriedade, e foi na Suíça que se teve a edição com a maior média de gols da história (mais de 4 por jogo). Dentre tantas goleadas, havia uma maquina chamada Hungria. Liderados por Ferenc Puskas, o esquadrão húngaro marcou impressionantes 24 gols em 4 jogos até a grande final. Destaque para um 8x3 sobre a Alemanha. E eliminaram o Brasil por 4x2.
Na grande final, novamente a Alemanha no caminho, e nos primeiros minutos já faziam 2x0, comprovando seu favoritismo. Mas os germânicos viraram o jogo para 3x2 de forma incrível e ganharam seu primeiro título, ainda sob o nome de Alemanha Ocidental. A façanha rendeu a criação de um famoso filme, "O Milagre de Berna".

BRASIL NO TOPO DOS CAMPEÕES
E vieram enfim os títulos brasileiros. Três, aliás, para a posse definitiva da Jules Rimet!
Hoje, 5 de junho, faz exatos 60 anos do primeiro título mundial da Seleção, na Suécia. Com craques como Garrincha, Djalma Santos, o capitão Bellini e ainda um tal de Pelé, que vestia a camisa 10 aos 17 anos de idade. Essa foi concedida a ele em um sorteio para a numeração aleatória dos jogadores (o goleiro Gilmar, por exemplo, usou a camisa 3).
Após vitórias contra País de Gales e França nas fases finais, chegou a vez dos anfitriões, em Estocolmo. Os suecos fizeram primeiro, mas logo o Brasil virou, e goleou, por 5x2. O último gol de Pelé é marca registrada: chapéu no adversário e batida de primeira para as redes.

Em 1962 veio o bicampeonato no Chile, dessa vez com Garrincha como grande protagonista. O segundo título veio também de virada, agora contra a antiga Tchecoslováquia por 3x1. Já em 1966 a participação na Inglaterra não foi boa, caindo ainda na fase de grupos. Os anfitriões ingleses, dessa vez, levaram a melhor no seu primeiro e único título, ao fazer 4x2 na Alemanha. Com direito a um gol não validado à Alemanha, em que a bola bateu no travessão e ultrapassou totalmente a linha do gol.

Em 1970, o Brasil deu a volta por cima e faturou o tri, na Copa do México que para muitos é considerada a mais grandiosa. Na televisão, foi a primeira a ser transmitida em cores para o planeta todo. A Canarinho venceu a Itália com show de Pelé, Jairzinho, Tostão e Carlos Alberto Torres, autor do lendário último gol.

Depois, vieram os títulos das anfitriãs alemãs (1974) e da Argentina em 1978. Em ambas a Holanda foi vice, com o marcante futebol que foi batizado de "Carrossel Holandês", que era liderado por Johann Cruyff. O Brasil tinha uma grande seleção para 1982, sob comando de Telê Santana. Com um bonito futebol, despachou Escócia, URSS (União Soviética e Nova Zelândia), e depois a Argentina. Mas parou diante de uma Itália que capengou na primeira fase (três empates). Um tal de Paolo Rossi marcou os três gols na vitória por 3x2, no antigo estádio Sarriá. A Azzurra ganharia o tri mundial contra a Alemanha por 3x1.

Em 1986 a Alemanha seria vice novamente, agora para a Argentina. Aquela Copa seria organizada na Colômbia, mas por motivos financeiros foi realocada ao México para sediar seu segundo Mundial. A alviceleste teve o craque Diego Maradona comandando o bicampeonato. A mais marcante atuação foi contra a Inglaterra, em que o camisa 10 anotou um gol de mão que só o juiz não viu ("la mano de Diós") e outro em que driblou meio time inglês e o goleiro até completar para as redes. Mas em 1990 teve revanche, e a Alemanha finalmente conseguiu o terceiro titulo, contra os argentinos, na Itália. O gol do título foi de pênalti cobrado por Brehme, na Copa que é considerada a mais fraca tecnicamente, e a pior média de gols (2,21). A Argentina eliminou o Brasil nas oitavas com gol de Cannigia.

Mas, depois de 24 anos, o Brasil deu a volta por cima e conquistou o tetra. O país vivendo momento difícil politicamente e ainda baqueado com a trágica morte do piloto Ayrton Senna, teve um grande alento com o tetracampeonato nos Estados Unidos. A Copa de 1994 foi a recordista de público, com média de 67 mil pessoas por partida. Havia partidas, como a grande final, que o público superava os 110 mil.
E a final, de novo contra a Itália, foi decidida nos pênaltis. O craque italiano Roberto Baggio isolava a última cobrança, para delírio dos brasileiros. A Copa ainda foi marcada pelo doping de Maradona e as surpresas Suécia e Bulgária, terceira e quarta colocada respectivamente.

Em 1998, a última Copa do século chegou a marca de 32 seleções, na França. E a anfitriã foi a vencedora, batendo o Brasil de forma avassaladora na final, por 3x0, dois gols de Zinedine Zidane. O jovem Ronaldo, craque absoluto daquela época, sofreu uma convulsão no dia da final e abalou estruturalmente a equipe. Os motivos desse problema de saúde ainda são um mistério.

Ronaldo teve lesão muito séria que quase acabou com sua carreira. Mas felizmente não acabou! Desacreditado, em 2002 calou os críticos e deu a volta por cima, comandando o Brasil, que faturou o penta. A primeira Copa do século 21 foi também a primeira em dois países: Coreia e Japão. Após má eliminatória, os comandados alegres de Luiz Felipe Scolari jogaram por música e ganharam por tudo o título, com 100% de aproveitamento (7 vitórias). Na final, 2 a 0 na Alemanha, com dois de Ronaldo. Enquanto isso, as grandes favoritas da época, França, Argentina e Portugal, caíram tudo na primeira fase.

Em 2006 foi a vez do Brasil recair no favoritismo, sob comando de Carlos Alberto Parreira, comandante do tetra. Na Alemanha, a seleção tinha Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká, o chamado "quarteto magico", que pouco funcionou na Alemanha. Após vitórias básicas, chegou a vez de pegar uma grande seleção. E caiu diante da França nas quartas, com show de Zidane e gol de Henry. E Roberto Carlos ajeitando a meia ao invés de marcar o adversário. Logo a França, que capengou bonito na primeira fase, mas depois cresceu nas finais, despachando Espanha, Brasil e Portugal de Felipão, que foi longe. A anfitriã Alemanha caiu diante da Itália na semifinal, por 2x0 na prorrogação. Com um futebol não menos burocrático, a Azzurra chegou quieta e faturou seu tetra, nos pênaltis. A final de 2006 foi marcada ainda pela cabeçada de Zidane em Materazzi, o que manchou seu final de carreira naquele jogo.

A primeira Copa no continente africano foi também o primeiro título mundial da promissora e vencedora geração da Espanha. Com nomes como Xavi, Iniesta, Villa e Fernando Torres, a Fúria também passou longe de encantar, ganhando o título na base do 1x0. Iniesta fez o gol do título contra a Holanda, que amargou o terceiro vice. Não sem antes de eliminar o Brasil nas quartas, de virada. O melhor jogo daquele Mundial, que marcou mais pelas "vuvuzelas" e a polêmica bola Jabulani do que o bom futebol mesmo, foi Uruguai x Gana pelas quartas de final. Gana seria a primeira africana na semifinal, mas Asamoah Gyan desperdiçou pênalti no fim da prorrogação. Penalti originado na mão na bola de Luis Suárez, que acabou sendo um salvador. O Uruguai ganhou nas penalidades, com direito a cavadinha de Loco Abreu.

E em 2014? Foi aqui no Brasil "a Copa das Copas", com muito bom futebol e 171 gols marcados. Sucesso absoluto de turismo e público, a galera vibrava no "OEA" da abertura oficial. Pena que a Seleção não fez o mesmo, pela segunda vez com Luiz Felipe Scolari no comando. Depois de uma primeira fase sem empolgar e classificações sofríveis contra Chile e Colômbia, veio a fatídica semifinal contra a Alemanha no Mineirão. E para quem chamava de vexame a final de 1950, a coisa em 2014 foi muitíssimo pior. 7 gols para calar a torcida local. 7x1 e um tapa na cara da sociedade. A Alemanha que mais encantou pelo seu carisma por onde passou no país, faturou o tetra em final contra a Argentina, com gol de Mario Gotze na prorrogação. A Copa teve como grande surpresa a Costa Rica, que deixou três campeãs mundiais para trás no chamado "Grupo da Morte" e parou só nas quartas de final, nos pênaltis, contra a Holanda. Que por sua vez pegou o terceiro lugar fazendo 3x0 no Brasil.

Antes do 7x1, essas foram as maiores goleadas da história em mundiais, sendo as duas primeiras lideradas pela Hungria (10x1, isso mesmo!). A própria Alemanha já havia aplicado 8x0 na Arábia Saudita em 2002. Neste século, ainda tivemos chocolates como Argentina 6x0 Sérvia e Montenegro e Portugal 7x0 Coreia do Norte, só de exemplo.

Para encerrar o resumo histórico de Copas, que tal falarmos dos mascotes adoráveis?
Tudo começou com o leão Willie, na Copa da Inglaterra em 1966. Para muitos, o mais popular até hoje foi o Naranjito, da Espanha em 1982. Nas Copas mexicanas, os mascotinhos usavam um sobreiro. Os mais recentes de destaque foram Footix (tipo Pica-Pau) em 1998. O trio Ado Kaz e Nico fracassou em 2002, assim como o leão Goleo VI em 2006. Voltaram os desenhos mais simples, com Zakumi em 2010 e o tatu-bola brasileiro Fuleco em 2014, no que rendeu uma enxurrada de zoeira por conta de seu nome.

Para 2018, é a vez do lobo Zabivaka. O animal de caráter polar é um dos mais populares na Rússia.

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E assim fica o resumão histórico das Copas. Gostaram? Deixe seu comentário!
Durante essa semana, falaremos mais da atual edição que vai começar, trazendo as cidades, estádios e a análise dos 8 grupos.