sábado, 16 de setembro de 2017

UM ADEUS A UM ÍCONE INVESTIGADOR

Marcelo Rezende  (Foto: reprodução)

LUTO NO JORNALISMO
MARCELO REZENDE MORRE AOS 65 ANOS APÓS BATALHA CONTRA O CÂNCER

Terminou a luta e infelizmente o câncer venceu a mesma, deixando a televisão e o jornalismo investigativo com um vazio enorme. E fica o legado! :'(

Morreu aos 65 anos o jornalista e apresentador Marcelo Rezende, após uma luta contra o câncer no pâncreas. Ele estava internado desde a última terça no Hospital Moriah, no bairro Moema em São Paulo, na luta contra a doença, que acabou se espalhando pelo corpo, gerando uma falência múltipla nos órgãos. A doença foi descoberta há cerca de quatro meses, o que o afastou do trabalho na Record TV, no comando do "Cidade Alerta". O apresentador deixa cinco filhos.

Amigos e colegas de Record prestaram as últimas homenagens, entre eles os "pupilos" de "Cidade Alerta", como Luiz Bacci ("Menino de Ouro") e Fabíola Gadelha, irreverente "Rabo de Arraia" e o comentarista Percival de Souza. O também apresentador Geraldo Luís, do "Domingo Show", era um dos mais emocionados, igualmente a apresentadora Chris Flores, ex-Hoje em Dia e atualmente no SBT. O corpo do apresentador será velado na Assembleia Legislativa, a partir das 10h de amanhã.

Em um vídeo postado no dia 3, Marcelo Rezende falou sobre os altos e baixos do tratamento contra o câncer. "O que eu tenho, a doença que eu tenho, o câncer que eu tenho, tem altos e baixos, é como uma montanha-russa. Uma hora eu to lá em cima, outra hora eu to lá embaixo. O mais importante é que eu estou firme e estar firme é aqui, onde a mente funciona. E eu estou firme para enfrentar os baixos, até chegar o momento em que o alto vai deslizar e aí a cura vai chegar. E eu tenho certeza dela porque Deus está comigo, Deus está contigo", disse o jornalista.

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O jornalista Marcelo Rezende (Foto: Reprodução/Facebook/Marcelo Rezende)
(Reprodução/Facebook)


Marcelo Luiz Rezende Fernandes nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de novembro de 1951.

Começou sua carreira nos anos 70 como repórter na revista esportiva Placar, trabalhando também no jornal O Globo, e chegou de vez à TV Globo em 1987, onde ficou até 2002. Lá, se destacou por reportagens investigativas, não antes de ser repórter em transmissões do futebol, cobrindo por exemplo a Copa América no Brasil, em 1989.

O caso mais emblemático foi a operação da Polícia Militar na Favela Naval, em Diadema, em 1997, cujas cenas abruptas e fortes, de policiais matando deliberadamente cidadãos inocentes, foram exibidas dentro de uma edição do Jornal Nacional. Foi um marco e divisor para com a questão dos Direitos Humanos no Brasil, sendo disciplina obrigatória para formação de policiais

Marcelo Rezende seria promovido à apresentador, através do extinto programa "Linha Direta" (exibido até 2007) que mostrava e simulava fatos acontecidos em casos reais da justiça brasileira, como a "Chacina da Candelária". Em 2002, deixou a Globo rumo a outras emissoras, começando na RedeTV e apresentando o "Repórter Cidadão". Ficou lá até 2008, tendo no meio do período sua primeira passagem pela Record. Depois rumou para a Band, em 2010, para apresentar o "Tribunal na TV", de formato parecido com o "Linha Direta".

Em 2012, retornou de vez para a Record, voltando ao posto de apresentador do "Cidade Alerta", como já fizera em 2004. Nessa nova fase, o programa caiu no gosto popular, através de um jeito mais informal de apresentar as notícias policialescas que faziam a pauta do programa, que chegou a durar até 4 horas até o ano passado (hoje em dia, dura 1h30).

Os repórteres e apresentadores já citados anteriormente ganharam muito espaço através da irreverente interação durante o jornal, junto à espontaneidade de Rezende. Bordões como "Corta pra mim!", "pensa no seguinte" e "põe exclusivo minha filha, dá trabalho pra fazer" viraram febre até entre crianças e adolescentes. Nos melhores picos de audiência, conquistados, em 2015 o "Cidade Alerta" chegou a vencer o "Jornal Nacional".

Marcelo comandou o programa pela última vez no início de maio, quando foi anunciada a descoberta do câncer no pâncreas. Uma entrevista foi concedida ao "Domingo Espetacular" do dia 14 daquele mês.

Grande perda para o jornalismo e televisão brasileira. Corta pro céu!

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